Um dos mais importantes monumentos históricos de Rondônia, o Real Forte Príncipe da Beira é um dos atrativos turísticos preferidos por pessoas que visitam o estado, apesar de sua distância do eixo da rodovia 364. O acesso terrestre é feito através da BR-429, que vai de Presidente Médice até Costa Marques, no rio Guaporé. O Forte do Príncipe da Beira é considerado uma das maiores obras da engenharia militar portuguesa do período colonial, tanto pela sua edificação como pela sua fundamental localização estratégica. O Forte está situado na margem direita do rio Guaporé, no município de Costa Marques, em Rondônia, na fronteira com a Bolívia.
Em 1773, o Capitão-General Luis de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres viajou descendo o rio Guaporé à procura de um local na sua margem direita para construção de um forte, em substituição ao de Nossa Senhora da Conceição, que havia sido destruído por uma enchente em 1771. Ele contou com o auxílio técnico do Ajudante de Infantaria em exercício de Engenheiro, Domingos Sambocetti, para encontrar um local que atendesse os requisitos para construção do novo forte, que viria a ser o Forte Real do Príncipe da Beira, situando-se a cerca de dois quilômetros da fortificação anterior (o da Conceição).
O acordo de certa forma beneficiou Portugal, fazendo com que o seu controle se expandisse consideravelmente. Na região que abrange Bolívia, Paraguai e Argentina havia muitas missões jesuítas espanholas que circulavam a região e tiveram várias invasões e ataques.
Apesar do tratado, os espanhóis tentaram reconquistar a área da antiga missão espanhola de Santa Rosa, na margem direita do Rio Guaporé, onde fica localizado o município de Costa Marques.
Os governadores de Mato Grosso construíram fortificações na área, mas elas foram destruídas pelas incursões espanholas e por uma enchente no Rio, no ano de 1771. Por determinação de Portugal, o Governador do Mato Grosso, Luis de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, com a ajuda do engenheiro Domingos Sambuceti, explorou a região, em 1773, em busca de um local mais seguro, para a construção de uma fortaleza.
Sambuceti era um engenheiro, natural de Gênova (Itália), a serviço de Portugal, que havia participado das construções das fortalezas de Gurupá, Santarém, Almerim e de Macapá. O local foi encontrado, dois quilômetros abaixo, na margem direita do Rio Guaporé.
Em 1775, o Plano do Forte Príncipe da Beira começou a ser elaborado, em estilo Vauban. Dirigida por Sambuceti, a obra começou em 20 de junho de 1776, quando foi colocada a pedra fundamental, e foi inaugurada em 20 de agosto de 1783. Durante a construção, o projeto foi alterado diversas vezes e, de acordo com os livros do historiador Lourismar Barroso, o Forte foi construído com mão de obra de brancos, escravos e indígenas. Centenas de pessoas morreram durante as obras, principalmente de malária.
Enfrentando a censura do Primeiro Ministro Pombal (Sebastião José de Carvalho e Melo, que ficou conhecido como Marquês de Pombal), às empreitadas administrativas e aos altos custos do empreendimento, Luis de Albuquerque acreditava que todos os sacrifícios valeriam a pena diante da importância política da obra. Em 20 de junho de 1776, os alicerces do novo forte receberam a pedra fundamental registrada em ata histórica. Durante as obras de construção do forte, o engenheiro Sambocetti morreu em decorrência da malária, sendo então substituído pelo Capitão de Engenheiros Ricardo Franco de Almeida Serra.
O forte foi assentado sobre a Serra dos Parecis, paralelo ao rio Guaporé. O gradioso projeto de Sambocetti previa uma fortificação em plano quadrangular, amuralhado em pedra de cantaria com majestoso portão na frente norte e com baluartes nos ângulos consagrados à Nossa Senhora da Conceição, Santa Bárbara, Santo Antonio de Pádua e São José Avelino, seguindo as normas da arquitetura militar da época, inspirado no sistema elaborado por Vauban, arquiteto militar francês (1633-1707). Sobre o terrapleno, há quatorze grandes edifícios de pedra lavada ou pedra canga e argamassa, que abrigavam os quartéis da guarnição, hospital, capela, armazéns, casa do governador, cisterna, paiol subterrâneo. A porta principal tinha uma ponte levadiça sobre fosso seco e era protegida por revelim (unidade de medida para superfícies agrárias que corresponde a 100 m2).
Depois de consolidada a presença portuguesa na região, o Forte perdeu um pouco da sua função estratégica, mas continuou como testemunho de uma época e uma sentinela naquela parte do Brasil. Com o abandono progressivo, a vegetação tomou conta de suas dependências ameaçando a integridade da edificação. Já no século XX, em 6 de julho de 1913, o Forte foi visitado pelo Almirante José Carlos de Carvalho e outras autoridades que lavraram ata de sua visita, tendo deliberado que o monumento histórico ficaria sob a guarda do Estado de Mato Grosso até que o Governo Federal resolvesse sobre sua administração definitiva, determinando também a remoção de peças de artilharia e outros objetos ali ainda existentes, para o Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Em 1914, o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon também visitou o Forte e ordenou a limpeza da mata que invadia suas dependências. Porém, só em 1930, uma nova expedição do Exército brasileiro voltou a marcar presença no local. Finalmente em 1950, o Forte foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN.
Fonte: Fundaj
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